Crônicas de uma simples mente...

Espaço "importantemente" destinado à minhas loucas(ou sérias) idéias.

segunda-feira, março 06, 2006

O Mal Vendou Os Filhos Meus...

Se não encontram a paz,
como entenderei todo este modo de agir?
Em meu "ninho" não praticávamos tal tipo de coisa.
Aqui operava o amor, corria entre nós um rio de paz,
que tiraram de mim, o mal o secou...
Tentei aos prantos resgatar em memória,
a essência da inocente vide,
meu sorriso comemorava o progresso do engatinhar.
Aquilo vinha a me fascinar de tal forma,
a ponto de jamais imaginar que a minha cria,
um dia pudesse se dispor com louvor à ordens de um tolo regime militar.
Dói saber que nos tempos atuais,
eles correm vendados por vastos campos de guerra.
Compartilho com Deus,
a imensa vontade de tê-los de volta aos braços meus.
Sonhos maternos... e mais lágrimas.
Lágrimas essas,
que borram as letras das cartas de saudade,
guardadas na caixa empoeirada, em forma de coração...
como se fosse o meu próprio.
O pobre coração de uma mãe aflita,
inconformada ao ver famílias despedaçadas,
por culpa do orgulho mór,
que percorre as veias de malditos ditadores homicidas,
enviados pelo anjo das trevas.
É uma pena este desabafo ser vago,
pois sei que não fico só ao pensar desse modo.

Posso Ficar?

A bengala nas mãos fez-me refletir,
vendo tudo o que construí até o exato momento.
Ainda gosto daqui, este céu parece feito para mim...
as nuvens lembraram os fios grisalhos,
que se esgotaram ao me proteger do Astro-Rei.
Meu "reinado" já se finda,
a sorte de herdar o desfruto de uma vida mansa,
anseia minha despedida.
E meio sem jeito, não meço esforços para rogar ao Pai,
por um acréscimo no meu tempo de vida.
Reconheço ter má fé, dou a cara a tapa por um perdão,
a impaciência me cega,
a ponto de fazer-me tropeçar na blasfêmia.
Desejo ter um funeral repleto de sorrisos,
no qual fiquem apenas as boas lembranças,
de uma extensa estrada de vida,
freqüentada pelas melhores pessoas que pude conhecer.
No entanto, prossigo aguardando a última curva,
que me levará ao céu...

Entre Pensamentos e Goles de Uísque s/ Gelo

Deixo escorrer entre meus dedos,
a paciência mantida até então, por obra do destino.
Hoje em dia, costumo estar inquieto,
buscando acidentalmente por auxílios alçados ao caos sentimental.
Se isto vale a pena, não sei.
Me pergunto diariamente por isso.
E lá está ela vivendo sua vida...
fico a imaginar as centenas de sorrisos em vão,
trocas de elogios, aqueles fáceis encantos de praxe...
O engraçado, é que meu telefone ainda se encontra em sua agenda.
Por que será?
Acho que Deus sabe como testar as pessoas...

Página Virada

Fez-se fim.
Teu adeus nem conheci,
ainda teimei na curiosidade de tê-lo mais próximo.
Cedo demais talvez, Deus não quis...
Passou-se a primavera, senti tua ausência,
meu sorrir também fez falta, dependente de ti,
a solidão me enfraqueceu...
Te procurei, clamei teu encontro,
percorri o mundo à te achar, tentativa vã.
Nos aproximávamos do dia 31,
quando encontrei o envelope rosa,
teu nome estava do lado de fora.
Dentro, haviam lágrimas em forma de letras,
tua sinceridade espalhada entre as linhas de uma folha de papel,
a qual tinha os seguintes dizeres:
"Estou partindo para ser feliz no lado de lá.
Você foi meu sonho bom, adeus..."

Fez-se fim...

Amor em Cárcere

Sem haver chance,
tornou-se insana minha vontade de chorar.
Neste vazio de tristeza,
vejo-te partir sumindo do meu raio de visão.
A saudade a penar na cela escura,
fez do meu cárcere o lugar mais infeliz que freqüentei.
Depois de saber que andei pela contramão,
decepcionou-se,
abriu mão do meu amor e quis me transformar em simples lembrança.
Sem suportar a distância,
achou na dó uma forma de aproximação,
finalmente pude reencontrar o sorrir ao te ver aqui.
Nosso jantar resgatou a doce memória,
teus cabelos dançando aos ventos, que visitavam nossa cozinha,
o retrato de nossa família ao fundo, na direita de sua cabeça,
era tudo simples e timidamente lindo...
Mais parecia uma obra-prima daquela nossa preciosa rotina.
Teus ocultos e talentosos dotes culinários,
recordam os saborosos beijos teus, que alegravam minhas noites.
Noites essas que hoje compartilho do breu a solidão,
temendo deixar este lugar, sabendo que não estará à minha espera.
Aguarde amor,
o castigo aqui vivido, pago por merecer.
Descansa na fé tua impaciência,
a saudade é tua dor, Deus me fará doutor,
e meu abraço será a cura...

Nosso Refúgio

Lento andar,
caminho a te procurar
e ignoro o frio que adoece meu sentir.
Te vejo no mesmo local, nosso canto...
o brilho lilás vem da macia boca,
daquela que é meu bem-querer...
a distância faz valer, e do teu abraço gosto muito.
Meu céu sem nuvens,
a distância do mundo, dia perfeito para amar...
Você por aqui, melhor não estaria,
quer me ver sorrindo? aqui está.
Meu sorrir é tua presença.
É sentir o prazer sair para voar junto ao perfume teu,
que faz meu ar ter aroma de paraíso,
pois contigo me sinto no céu...

Clamo a Véspera

De onde virá a dona do meu amor?
Avistando o horizonte,
meu imaginar despe-se da paciência,
e parte em busca daquela que terá o perfeito sorriso,
o abraço mais aconchegante e a pura fragância de rosas.
Tempo voa, nada encontro,
choro o cansaço no breu do meu quarto, faço par com a solidão.
Em minhas quietas noites passadas na janela,
foco o céu, admiro a lua
e chamo a sorte para o meu lado ao ver estrelas cadentes passearem.
Mostro ao mundo sem medo algum,
minha curiosa, porém debutante crença em milagres.
Escolho minha melhor roupa, o perfume mais marcante,
e compro das mais belas e admiráveis flores...
Corro para a esquina,
a esperar que o vento traga ela ao meu encontro,
vejo carros, famílias, crianças correndo alegres...
até que um vestido azul me chama atenção.
Um lindo caminhar,
a doce sutileza da meiga mulher chegava cada vez mais perto,
tamanha beleza espantou-me, desesperei, não soube lidar...
E corri.
Volto a observar de longe o horizonte,
percebendo o quanto me arrisquei indo lá fora,
e tendo a certeza, de que ainda não estou preparado para amar.
Mas um dia irei provar...

Tímido Amor

O meu jeito,
frio e seco,
te amargura quando me olhas
e levo meus olhares ao chão.
Timidez, aflige pobre alma
de um jovem qualquer, prestes a perder.
Sou fraco para o amor,
mas forte para ser tua proteção.
Para expor o ego sério que carrego,
encontro disposição onde não se acharia jamais.
Esqueço da timidez, faço valer...
Tu não suportas ver,
se juntas com a razão ao esbravejar,
me culpando por te proteger,
mas, que mal há?
Aproveitas momentos de ira,
despedaçando meu pobre coração
com palavras de revolta.
Sendo assim, me expulsas de teu mundo,
desejando minha distância,
um desfecho banhado à lágrimas.
E por não saber exclamar o amor,
que ferve dentro do peito,
me deixaste sem imaginar
o quanto amo o teu ser,
que me quer longe...

Onde Errei?

A Filha:


Desfaz tua calma em lágrimas,
e insisto pecar em tuas costas.
Ignoro as broncas, me aventuro em fugas,
perco a noção do quanto isto me faz mal.
Minhas noitadas são motivos de insônia,
não só para mim, tu também cansas de me esperar.
É grande a luta para sair de algo que ironicamente,
faz bem apenas no "durante" e nos corrói no futuro.
Suas suspeitas inflamam-se cada vez mais,
vou me encurralando dentro de um campo minado,
até não encontrar mais abrigo.
Vou entregar...
Me confesso em teu quarto,
lhe surpreendo com minhas falhas,
peço-te perdão, protejo minhas amizades, a culpa não veio de lá.
Quero a redenção, há chance?


A Mãe:



Filha,
as aventuras vividas no passado,
deixe-as para mim.
A curiosidade matou um gato, lembra disso?
Me dediquei até hoje à tua pureza,
é dessa forma que me agradeces?
E se hoje tu admiras minha pessoa,
significa que quero o mesmo para ti.
Te alertei, para que pudesse se omitir ao ritmo da juventude atual,
fez que ouviu e contaminou-se, agora é tarde, te levarei daqui.
Despeça-te das amigas, diga que voltará, todas entederão.
Me achas rude, tentaste me convencer com lágrimas,
te acalme, faço pelo teu bem... tu agradecerá.
A cidade é longe, gigantesca a trajetória até lá,
assim como meu afeto por ti, minha pequena...
De malas prontas, só deixamos as saudades daqui, e partimos.
E prometo, assim que a tua redenção chegar,
iremos voltar, e isso não depende só de ti,
estende tua mão e deposite tua confiança em mim.